sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

ARTIGO/SETE DIAS

DIREITO AO TRABALHO; E AO TRABALHO COM DIGNIDADE!


Recentemente, o Partido dos Trabalhadores fez um seminário sobre “Emprego e Renda em Sete Lagoas” no plenário da câmara municipal. Foi um debate muito interessante e representativo. Na oportunidade contamos com a presença de setores da igreja católica, movimentos sindicais, movimentos populares além de lideranças. Muitos ficaram assustados quando souberam o valor do salário de um trabalhador da produção na IVECO e quanto recebia um trabalhador, fazendo a mesma função, na FIAT-Betim. Uma diferença estrondosa e uma verdadeira usurpação à dignidade do trabalhador.

Quando li a entrevista do Marcio Reinaldo denominada “Deputado Marcio Reinaldo Rasga o Verbo”, fiquei bastante feliz com as colocações do parlamentar. Em verdade, ele não falou nada mais que a pura realidade. Sete Lagoas têm uma relação de trabalho que beira o absurdo e ao ridículo. Certa vez, em Brasília, uma pessoa, que prefiro não revelar o nome, fez a seguinte brincadeira “Sete Lagoas grandes indústrias e pequenos salários, o melhor lugar para se investir”.

Ora, não se trata de travarmos uma luta entre “patrões e empregados” mas uma mudança de paradigma entre capital e o trabalho, faz-se urgente neste cidade. O direito ao trabalho digno foi o grande instrumento de desenvolvimento das cidades médias e grandes deste país, promovendo a integração social de suas populações, distribuindo renda e poder em suas economias a fim de garantir a consecução da democracia social. O que os grupos empresariais fizeram, nestas cidades, foi a incorporação do ser humano ao sistema socioeconômico, em especial daqueles que não tem outro meio de afirmação senão pela própria força de seu labor. O resultado: maior distribuição de renda, comércio girando com aumento do emprego.

Vejo pouco ou quase nenhum interesse das forças produtivas de Sete Lagoas em abrir e promover o debate capital-trabalho e renda. Digo isso, pois, nenhum empresário digno deve maximizar seus lucros explorando a classe trabalhadora, mas, ao contrário, deve buscar um equilíbrio de forças. A garantia dos interesses empresariais com respeito à dignidade do trabalhador é uma equação que não pode faltar em qualquer relação de trabalho.

O Brasil vem dando exemplo ao mundo no combate a miséria aplicando uma política bastante simples: aumento real do salário mínimo, e fortalecimento de programas de transferência de renda. Ou seja, ao redistribuir a renda todos ganham tanto os empresários como os trabalhadores. Haja vista a Nestlé que em 2005 passou a fabricar produtos alimentícios em embalagens menores para atender as demandas das classes C e D, emergentes no Brasil.

Sete Lagoas, por questões históricas, não consolidou uma representação sindical sólida capaz de defender os interesses dos trabalhadores levando em conta o ganho real do setor produtivo (Lucro + Planilha de Custo x ganho real para os trabalhadores). Em nossa cidade os trabalhadores precisam, urgentemente, se organizarem em defesa político-programática dos seus direitos sobe pena de prevalecer um discurso demagógico e infundado apresentado por lideranças empresariais.
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Por fim, manifesto meus sinceros cumprimentos e apóio ao Deputado Marcio Reinaldo pela coragem em provocar um debate tão carente. E aos trabalhadores eu digo apenas “quem sabe faz a hora e não espera acontecer”.

Sílvio de Sá
Advogado e Presidente do Partido dos Trabalhadores de Sete Lagoas

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